quarta-feira, 19 de junho de 2013

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Há um ardor de música no ar quando passas, se é que passas por este lugar onde te imagino, no perfil talvez azul do Verão. Uma luz mansa poisa entre as tuas mãos e o mar, um pássaro atravessa o rio, alheio à poeira do silêncio que devora corpo e verbo.
Vejo-te passar numa quilha de fogo e já nem sei se sonho a floração dos muros, a chuva de sílabas doces, o ouro da pele rente à boca.
Deixaste um rasto de música pelo ar, vago verso, talvez o Verão azul e o incêndio insaciável dos teus olhos para amar. Em teu perfil se forja a noite de prata, rutilante, sensual, derramando limão e menta, rasgando ruas, incitando pelo silêncio os certeiros lampiões do desejo… Hoje quero sentir-te tangendo a brisa mais feiticeira, com guitarras do olhar e juro que que vou cantar-te num pergaminho de nuvens em delírios de maresia adocicada e manteiga derretida.
Hoje hei-de amar-te como os antigos deuses, apalpando a ideia de eternidade

Gonçalo d’ Avellar

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