sábado, 25 de maio de 2013

Início

Início 


Havia únicamente estes olhos, um rio e seus rumores.
Noites e versos de espera e a tua voz inquieta, tímida, nua... Não, não havia Lua, somente o teu sorriso triste e aquelas dúvidas sobre a vida, a morte, a paixão e tudo o que não disse.
Deixaste nas minhas mãos um papel que arde quando o toco...


Só via os teus olhos: fugitivos, doridos potros medrosos, a desenharem teias e fugas, hesitantes e fogosos.
"A vida não tem sentido" dizias como quem soltava gaivotas de mágoas em madrugadas de carvão.


Deixaste-me nas mãos o aperto da despedida queo tempo selou, porque a vida, desabafaste, "talvez seja a passagem para a morte"...
"Nada tem sentido" escrevi entre imperiais numa cervejaria em Cascais, iluminando a noite com o sorriso triste que não esqueço.


Oiço um piano a sangrar, talvez seja o meu coração à espera das tuas palavras, novas manhãs, melhorsorte.
Semeaste nos meus dias o peso do silêncio e eu, uma vez mais, choro a cantar neste poema que te ofereço.


Em que vulcão afogas os teus olhos, em que mar afundas o coração, em que pantano enterras o sorriso, em que lodo asfixias o sol....
Palavras...
Teias de silêncio, barcos de ilusão, lâminas de Lua na boca da solidão...
Palavras... O que são?

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